Desenho Livre: Você chegou a fazer
faculdade?
Emerson Ferrandini: Sim. Fiz Desenho
Industrial na Belas Artes e pós-graduação
em artes, com ênfase em design. Estudei mecânica no
2º grau, em escola técnica. Meu pai foi aquele cara
que viveu dentro da metalúrgica, e a orientação
que ele deu para os seus 3 filhos homens foi a de que seguissem
o mesmo caminho. Então eu fiz escola técnica e depois
desenho industrial. Fiz a faculdade, certinha, estágio
na GM e fui trabalhar como designer de indústria automobilística.
Só que eu comecei a trabalhar e não calhou legal.
Então eu deixei a empresa e fui dar aula. Comecei na Belas
Artes, de onde eu era ex-aluno. Comecei com duas aulas por semana,
até a carga horária aumentar e eu chegar a ter aula
seis dias por semana, inclusive aos sábados, o dia inteiro.
Nessa época fui com a minha esposa para os
parques de Orlando: Disney, Epcot, Universal, MGM. Quando eu cheguei
lá eu vi um quiosque com caricaturista. Fiquei alucinado,
porque eu trabalhava com aerógrafo, mas para design de
produto, que é a minha formação. Lá
eu vi o caricaturista utilizando o aerógrafo para caricatura.
Tinha quiosque em todos os parques. Em cada parque que íamos
os vimos trabalhar. Eu fiz uma caricatura com eles e tal... foi
quando pensei: “pô , é isso que eu quero fazer”.
Quando eu voltei, em 2000, falei: “vou começar a
mexer os meus pauzinhos para fazer isso até eu conseguir
criar coragem para fazer esse trabalho”, porque a orientação
que eu tive foi para ser empregado. Viver como artista, como um
autônomo prestador de serviço, era totalmente contra
a educação que eu tive. Até eu romper isso
demorou um pouco.
Foi aí que comecei a deixar os alunos. Aluguei
um espaço na feirinha de domingo do Shopping Paulista e
comecei a fazer caricatura. Eu trabalhava de segunda a sábado
e domingo ficava o dia inteiro no Shopping Paulista. Desde então
fui pedindo para diminuirem a minha carga horária de aulas
nas faculdades, até que em julho deste ano eu tinha apenas
uma noite de aula por semana. Dava quatro aulas às segundas
à noite e ainda assim já estava difícil para
conciliar com os eventos. Por isso parei de dar aula este semestre
e hoje estou só com os eventos.
DL: Mas tudo correu de forma gradual, não?
Ferrandini: Sim, foi gradativo.
Eu não rompi. O que foi 8 e 80 foi a questão de
eu querer deixar de ser professor e querer ser caricaturista.
Então comecei dando tiro para todo lado e depois me achei
dentro da caricatura.
DL: E o seu pai ficou bravo com essa história?
Ferrandini: Bravo não porque
eu já sou meio grandinho. Mas meus pais estranharam um
pouco. Ficaram receosos, porque eles me deram uma educação
diferente, mas que dentro da realidade deles é o que acreditavam
funcionar melhor. Como prestar serviço? Na verdade foi
uma insegurança deles e que acabou sendo passada para mim.
Foram três anos de terapia para romper isso. Hoje em dia,
felizmente estou com a agenda lotada de eventos e outros vão
surgindo.
DL: Quais tipos de eventos você faz?
Ferrandini: Todo tipo que você
imaginar. Comecei fazendo muita festa infantil. Aí parti
para confraternização de empresas. Hoje em dia é
muito comum ter um caricaturista que trabalha em preto em branco,
ao vivo em um evento. Dá para listar uns trinta caras que
fazem isso hoje no mercado. Só que quando eu comecei, segui
duas estratégias para entrar no mercado: cobrar um preço
menor e fazer um trabalho que ninguém fazia e ninguém
faz até hoje. Isso já me diferenciou. Rapidinho
eu consegui equiparar o meu preço, só que mesmo
assim, no papel, é muito comum você se deparar com
caricaturistas. Então comecei a fazer em camisetas. Aqui
em SP existe somente um cara que faz esse trabalho com aerógrafo
em camisetas.
Agora o meu trabalho está migrando. Ele está saindo
de festa infantil e está indo para feiras, congressos,
eventos de empresas, esse tipo de coisa. Estou focando mais nisso
agora.
DL: Você trabalha também com
mercado editorial?
Ferrandini: Eu faço alguns
trabalhos como ilustrador, aqui no estúdio, para o jornal
do Conselho Regional de Administração. Uma vez por
mês o jornal me manda quatro pautas e me dá dois
dias. Eu faço e mando por e-mail. Uma coisa bem legal foi
que logo que comecei o Ziraldo relançou o Pasquim, e as
pessoas podiam mandar livremente uma charge. Só que por
semana chegavam entre 300 e 350 charges do Brasil inteiro. E na
primeira vez que eu tive coragem de mandar o meu material, mandei
duas charges. Uma foi publicada. Eles publicavam 10 ou 8 por semana.
Lembro que fiquei contente pra caramba. Eu saí para dar
aula, parei na banca e vi meu nome na capa: “Divirta-se
com os cartuns de”, e tinha os nomes dos caras que eu boto
lá em cima, que falo “nossa, esses caras são
bons demais!” E estava o meu nome junto.
DL: Como quem por exemplo?
Ferrandini: Ah, Angeli, Dáucio,
Aron, Gilmar, Mastroki. Eu mandei, mas o mercado editorial é
muito difícil. Então comecei a cair para eventos,
naturalmente. Eu me identifico mais com isso. Consigo ficar no
escritório um dia, dois dias, três dias, mas depois
eu começo a sentir falta de ir para um lugar fazer evento.
Gosto de trabalho ao vivo.
DL: Você gosta de ver as pessoas, fazer o trabalho
ali na hora… Como as pessoas lidam com a própria
caricatura?
Ferrandini: Meu trabalho é
mexer com a imagem das pessoas. Eu costumo dizer que na caricatura
você ri de si mesmo. É muito interessante a maneira
como as pessoas lidam com a própria imagem. Tem gente que
é bem resolvida, sabe quais são seus pontos fracos,
sabe quais são os pontos de seu rosto que não gosta
e tá afim de rir disso. Essa é a melhor pessoa para
fazer caricatura.
Agora é muito comum ela falar que aquilo
não a retrata, que não está parecido ou então
falar que não ficou engraçado, enfim. Porque todo
mundo tem algo que não gosta no rosto; no mínimo
uma – tem gente que tem mais (risos). E o meu trabalho é
exatamente esse: me concentrar no que sai do padrão no
seu rosto. O que sai do padrão é o que eu vou brincar.
Uma orelha grande, uma orelha torta, um nariz grande, um olho
grande, uma boca pequena. Se é grande eu aumento, se é
pequeno eu diminuo, se tem uma particularidade da pessoa que marca
a sua expressão, eu vou explorar exatamente isso.
A gente chega em frente ao espelho e olha somente
o que interessa em nosso rosto. Aquilo que não interessa
você ignora e tenta acreditar que não é daquela
forma. E o caricaturista chega e fala: “olha, isso aqui
é assim. Eu vou até exagerar para você entender,
mas é assim.” A mesma coisa da moçada que
fala que não sai bem em foto. Meu amigo, não é
que não sai bem, é porque é aquilo ali.
Na verdade, a imagem que temos de nós mesmos não
é real. Você só se vê em um ângulo,
que é o de frente. É muito comum a pessoa sentar
na minha frente e dizer do que não gosta em si. Ela senta
e fala: “eu acho que minha orelha é muito grande.”
Eu olho e a orelha da pessoa é enorme. Ou seja, ela já
sabe. Todo mundo sabe o que pega, o que gostaria de ter de diferente.
DL: Mas aí você faz uma orelha
enorme?
Ferrandini: Faço (risadas).
Ela que sentou na minha frente, então ela está disposta
a brincar. Mas tem uma diferença. Você pode fazer
uma caricatura que não cause constrangimento. É
o quanto você vai ser satírico. Tem caricatura que
é menos satírica, é uma bricadeirinha; e
tem caricatura que dá para perder a amizade. Isso também
você percebe com a experiência, quando a pessoa senta
na sua frente. Quando ela relaxa você pode brincar mais.
DL: Eu tenho um amigo que não
é caricaturista, e sim ilustrador, mas pediram uma caricatura
para ele. Ele fez, mais por brincadeira. A caricatura foi para
uma empresa e justamente para a diretoria. Quando ele mandou,
o diretor disse: “não, assim eu não quero.
Muda isso, muda aquilo.” Ele me disse que pediram para mudar
tanto que virou um retrato, não era mais uma caricatura.
Ferrandini: Isso é muito
comum. Até porque o diretor ainda tem medo do chefe dele,
o presidente. É como tratar com mãe. Ela manda a
foto do filho dela, que tem três anos, e quer que você
concerte tudo que o moleque tem de errado. E ainda quer que fique
parecido com ele. É super comum. Ainda mais neste caso,
que uma pessoa está hierarquicamente no topo, super preocupado
com a sua imagem. A caricatura tem que ser no máximo a
cabeça grande e o corpo pequeno, para dar uma satirizada
mínima, light. Mas isso não é caricatura,
é retrato.
DL: Com quais tipos de pessoas você
encontra maiores dificuldades?
Ferrandini: Ah, é muito
comum você mandar a caricatura e a pessoa falar: “Não
daria para você diminuir um pouco o nariz ou mexer um pouco
na orelha?” Quando eu pegava encomenda para fazer, eu falava:
“olha, eu irei te mandar o esboço por e-mail, você
aprova e eu finalizo, porque o meu trabalho é com aerógrafo
e eu vou ficar um tempão aqui na prancheta.”
Noiva também é outro problema. Mulher
é mais encanada, o homem é um pouco mais relaxado.
A mulher é mais detalhista com o seu rosto. Ela sabe extamente
a linha do rosto que ela não gosta. Eu já tive comentário
de e-mail que voltou e a menina disse que o sentido do pêlo
da sobrancelha dela não era igual ao que eu fiz na caricatura.
DL: Você já passou por alguma
situação delicada com as suas caricaturas?
Ferrandini: Você percebe
quando a pessoa não gosta da caricatura. Em geral, se a
pessoa não gostar ou não gostar muito ela segura.
Porque ela aceitou e estava correndo o risco. Mas eu tive uma
situação, bem no início, quando eu não
tinha muita experiência e pegava mais pesado nas caricaturas.
Lembro que cheguei em uma mesa em que estavam dois casais. O dono
da festa tinha me contratado e falou: “Aborda e pergunta
se a pessoa quer ou não.” Eu perguntei e uma das
meninas quis. Eu sentei e em uns três, quatro minutos eu
fiz a caricatura. Antes de entregar para ela eu entreguei para
o namorado ver. Ele não gostou e não a deixou ver.
Dobrou a caricatura e deixou de lado. Foi desagradável.
Aí eu pedi licença e saí da mesa.
Eu tenho um amigo caricaturista que não alivia
para ninguém. Ele pega pesado mesmo. Ele me contou que
em uma situação a pessoa rasgou o desenho na frente
dele. Tem de tudo que você imaginar, mas isso é minoria.
Hoje em dia as pessoas entendem mais. Eu trabalho com todos os
públicos que você imaginar. Eu já trabalhei
na Cohab do Itaquera; no Leopolldo, no Itaim; em evento para caminhoneiro,
com uma fila enorme na minha frente; já trabalhei em casamento
no Rio e, independente do nível de formação,
as pessoas sabem o que é caricatura. Cada uma entende de
uma maneira, mas elas sabem que aquilo é um retrato divertido.
DL: Qual a importância de trabalhar
com desenho, com arte?
Ferrandini: A importância
é que me alegra a alma. Por meio da minha habilidade eu
consigo gerar sorrisos. Sucintamente é isso, me alegra
a alma. Agora se eu for criar um propósito para isso, é
que eu consigo divertir as pessoas com o meu trabalho. Para mim
não tem nada mais legal do que estar em um evento de empresa,
por exemplo, com uma roda a minha volta dando palpites e sugestões,
querendo que eu acabe com aquele cara lá do escritório.
Eu, fazendo um desenho simples – porque para o desenhista
é um desenho simples – consigo divertir ao mesmo
tempo uma série de pessoas a minha volta.
Uma vez eu ouvi uma frase: “Atividade existe, basta você
dar um sentido para ela”. Se tiver que dar um sentido para
o que eu faço, é que eu consigo divertir as pessoas
com a caricatura. Fora que eu nasci pra isso. Saio para trabalhar
em evento sábado à noite, por exemplo. Depois, domingo
à tarde, entro em um buffet infantil e fico quatro horas
ouvindo Xuxa e Sandy e Junior, no talo. Mas quando eu saio de
casa eu não saio com a sensação de que eu
estou indo trabalhar. Eu não trabalho com aquele sentido
escravo e indigesto da coisa.
DL: Como é o dia-a-dia do caricaturista?
Ferrandini: Eu não tenho
rotina. Geralmente o desenhista é um solitário.
Ele fica no estúdio, com uma musiquinha… Eu gosto
muito disso. Gosto muito de ficar sozinho. Tanto que eu já
fiz quatro viagens de bicicleta sozinho. Quando estou em um evento
rodeado de gente também estou sozinho, porque não
conheço ninguém. Esta época do ano é
muito corrida, devido aos eventos nas empresas. Às vezes
passo uma semana aqui no escritório e às vezes passo
duas semanas sem aparecer.
O caricaturista que trabalha ao vivo é meio
tido, no mercado, como um cara que não deu certo; ou melhor,
que não conseguiu entrar no mercado editorial. É
como a imagem que algumas pessoas têm do professor. “Ah,
o cara não sabe fazer nada e foi dar aula.” Tem aquela
frase, se não me engano do João Ubaldo Ribeiro,
“quem sabe faz, quem não sabe ensina.” E isso
não é verdade, porque tem gente que nasceu para
tratar com o público, para fazer o trabalho ao vivo. E
eu me identifico com isso.
Participo de um bate-papo com os amigos e ninguém
tem claro quem é ilustrador, quem é desenhista,
quem é cartunista. Existe uma certa névoa que diz
que quem trabalha ao vivo, na praça, na rua, é porque
não consegue trabalho em outro lugar. Quem faz trabalho
ao vivo tem que gostar de gente, tem que gostar desse contato
direto com todas as idades e culturas. Às vezes eu me sinto
muito solitário nos eventos, principalmente com muita gente.
Eu não conheço ninguém. A pessoa senta, fica
três minutos na minha frente, me agradece e vai embora.
Quando agradece (risos). Quem me dá uma força é
o cliente ou a agência que me contratou.
DL: Normalmente os profissionais que trabalham
com o mercado editorial dizem que muitas vezes os profissionais
de rua, de praças são pessoas que cobram mais barato
porque não têm que sustentar um estúdio, não
têm que pagar contador, enfim. Por cobrar um preço
mais barato eles acabam até por baixar o preço de
mercado da profissão. O que você pensa sobre isso?
Ferrandini: Eu não concordo.
Eu acho que quem cobra barato é porque sabe que o seu trabalho
vale menos. Eu cobro R$100 por hora de trabalho. Eu sei de caricaturista
que cobra R$50 por hora e sei de caricaturista que cobra R$150,
R$170 por hora. O preço médio de tabela no mercado
é de R$100 por hora. Você tem que fazer jus a quanto
você cobra, porque tem artista que tem tanta dificuldade
em colocar valor no seu trabalho que não consegue cobrar
o valor do trabalho. Acho que isso está relacionado até
com a auto-estima da pessoa. Eu tenho um estúdio, pago
aluguel, contador, tenho empresa aberta. Não é fácil
manter nada disso, mas se eu colocar aqui a desculpa para cobrar
um valor do meu trabalho… O valor do meu trabalho não
está nisso, ele está na minha capacidade de realização.
O que eu estou querendo dizer é que quem
reclama do pessoal que cobra menos e atrapalha o mercado não
deveria se focar nesse tipo de coisa, deveria se focar em justificar
o porquê do valor cobrado por ele. Se preocupe em justificar
por que seu trabalho vale R$5000 e tem um cara que cobra R$1000.
Sempre vai existir alguém que cobra menos e um que cobra
mais.
Quando eu comecei eu cobrava menos. Tinha consciência
que não contava com a experiência necessária
para fazer um trabalho igual ao de um cara que na época
cobrava R$100 por hora. Hoje em dia eu estou chegando na caricatura
19.000. Os papéis que eu uso para trabalhar eu compro direto
do distribuidor, em resma. Pego os pacotões, levo à
gráfica e peço para cortar no tamanho em que eu
preciso. Depois peço para embalar de 500 em 500. E vou
numerando. Então hoje eu sei que o meu trabalho vale bastante
porque eu já fiz mais de 18.000 caricaturas. Eu tenho uma
certa experiência. Acho que todos devem ter o discernimento
de saber avaliar: “Olha, o meu trabalho vale tanto. Menos
que isso, não vale a pena fazer.”
Eu faço o meu trabalho por amor, sou apaixonado
pelo que faço e não faço pensando na grana,
mas é necessário. Ainda tem muito aquela questão
de que se você trabalha com arte você não pode
ganhar dinheiro. Acho que esse pensamento é errado. Para
mim é um complexo de inferioridade, necessidade de ser
aceito. Caramba, você vai desvalorizar o seu trabalho se
receber por ele? Seu trabalho não vai ter valor, seu trabalho
é aquele que não pode ser cobrado? Isso deve vir
da época do Van Gogh, que não conseguia vender nada
quando vivo. Suas obras só tiveram valor depois de sua
morte.
Eu não penso assim. Para mim, fazer um trabalho não
pensando em dinheiro é uma coisa, fazer um trabalho e achar
que não deve receber por ele é outra. Tem gente
que acaba ficando escravo da grana. Só trabalha pelo dinheiro
que vai receber. Por exemplo, tem um evento que irei daqui a alguns
dias e eu optei. Tive duas propostas para a mesma data. Uma para
ganhar mais e a outra menos. Mas na proposta que ganharia menos
sabia que o público era mais legal de se trabalhar. Então
optei por ganhar menos nesse dia, sabendo que vou me sentir melhor
ao realizar o trabalho. Mas tem que ter um valor. Você está
colocando as suas habilidades ali. Não tem que deixar de
receber por isso.
DL: É bom trabalhar com criança?
Ferrandini: É. Eu adoro!
A criança só entende o que é uma caricatura
a partir dos seis, sete anos. Antes disso, elas não sabem
o que é aquilo. Não entendem. Eu já fiz caricatura
de criança que chorou. A mãe ficou falando o tempo
inteiro que aquilo era uma brincadeira e eu também fiquei
reforçando que não era que ele era daquela maneira...
A faixa etária de 9, 10 anos é super complicada.
Você tem que ser super sutil, porque são pré-adolescentes...
Eles têm umas tiradas ótimas. Quando eu vou trabalhar
em preto e branco eu uso determinada lapiseira. Mas existe uma
borracha, com refil, muito parecida com ela. Então eu estava
fazendo o esboço com uma lapiseira mais fina e peguei essa
outra para fazer o traço final. Tinha dois meninos observando…
Aí um olhou para o outro e disse: “Nooossa, a borracha
dele escreve!” Olha só! É muito mais fácil
acreditar que isso é uma borracha que escreve do que acreditar
que isso não é uma borracha. Criança tem
cada uma. É demais! Eles são muito engraçados.
DL: Você tem algum conselho para dar
para o pessoal que está começando?
Ferrandini: Eu vou plagiar o meu
amigo Márcio Baraldi. Ele falou uma frase, certa vez, que
é a mais pura verdade: todo desenhista, seja de quadrinhos,
cartun, caricatura nasce com dez mil desenhos ruins dentro dele.
Primeiro você tem que tirar esses dez mil, e eles não
saem de uma vez; tem que desenhar muito. Esse é o melhor
conselho que eu dou para alguém: treinar muito. Porque
você só vai conseguir um nível legal de desenho
e de apresentação se fizer muito. E desenho é
como esporte: se você deixar de praticar, perde um pouco
o traço. Pelo menos nesse desenho que eu faço, ao
vivo, que precisa ser rápido.
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